‘’ Cada escolha uma renúncia’’.


Assim dizia ela, com um olhar penetrante de quem zomba ver o futuro nos olhos.
Há tempos que me escolho. Me escolho sempre, me colho nas margens que me acolhem de mim. Me escolher também é renúncia. É renunciar a tudo e a todos em prol de um bem maior, do bem querer.

Em meias palavras me permitam dizer que o amor ao próximo está a léguas quando não se ama aquilo que é seu, o que é você, de alma e corpo.

Cada escolha é uma renúncia, sim. 
Mas sem renúncia não há escolha. 
Renunciemos sempre então.

Clarice Lispector



          " A vida é para quem é corajoso o suficiente para se arriscar e humilde o bastante para aprender."

Martha Medeiros


“De qualquer forma, não esqueça das seguintes verdades: Não faça nada que não te deixe em paz consigo mesma; cuidado com o que anda desabafando; conte até três (tá certo, se precisar, conte mais); antes só do que muito acompanhado; esperar não significa inércia, muito menos desinteresse; renunciar não quer dizer que não ame; abrir mão não quer dizer que não queira. O tempo ensina, mas não cura.”

Martha Medeiros


“Já aconteceu de eu quase chorar por ter tropeçado na rua, por uma coisa à toa. É que, dependendo da dor que você traz dentro, dá mesmo vontade de aproveitar a ocasião para sentar no fio da calçada e chorar como se tivéssemos sofrido uma fratura exposta.''

Cura d'alma





 


Venho esta noite me entregar ao deleite de escrevinhar.
Escrevinhar por uma dor que não é minha, por uma mágoa dividida, por um apelo de aceno, riso, felicidade, cura.
Finjo qualquer dor física a fim de engana-la, quando na verdade ela se difunde pelos meus poros e se dilata na minha pupila correndo pelos olhos, pelo rosto e encharcando o coração. Esta dor que não para, e não vai embora, que de vez em quando é magoa, e tem dias que é culpa também e outros que se faz em lágrimas. Lágrimas que já correm insossas rotineiramente pelo rosto sem motivo aparente. Lágrimas que não pedem pra sair ou descer, apenas resvalam nos olhos e despencam pela face como se já soubessem o caminho, como quem se acostuma com um trajeto de rotina.
Hoje escrevinho porque há tempos não tenho a alma exposta, a mente fragilizada e o coração apertado.
Hoje escrevinho porque cansei de curar a dor de estômago, de cabeça, do dedinho do pé.
Hoje me pergunto : como se cura a alma?

Caio Fernando Abreu



(...) Tenho aprendido coisas que ainda estão vagas dentro de mim, mal comecei a elaborá-las. São coisas mais adultas, acho. Tem sido bom.

Quando não se tem ideia nem do título.



Há tempos não me escrevo, não escrever correspondências para mim mesma entende, digo, há tempos não me detalho escrevendo, não me detalho mais nem em pedaços e nem inteira, não me perco e nem me acho para contar histórias, não me encontro mais nestes retalhos da vida. 
Ao mesmo tempo que é surpreendente é maravilhosa, não a vida, quero dizer a mente, e perigosa quando perturba seus sinais vitais, pois, concordamos que a mente e nossas vidas andam em linha reta como se tivessem uma relação consaguinea uma com a outra, afinal a vida é dirigida por sinais mentais e encapsulada em uma atmosfera criada por nós mesmos, quase que adaptada e lapidada todos os dias para que se mantenha nos trilhos. Trilhos mentais de sinais vitais. 
E quando essa atmosfera muda? E a mudança mental é  mais rápida que a vital? E de repente o seu corpo já não acompanha mais a mente, que está a anos luz de rejuvenescimento enquanto o seu corpo apenas envelhece. Não se dá conta de adaptar ou corresponder a velocidade de mudança de pensamentos frente a velocidade reduzidamente menor da mudança vital/corporal. As vezes é como se você concluísse que o ar  não é mais importante por uma hipótese aparentemente infalível e fazer com que seu corpo se adapte a isso. Como? 
Acho que não consigo mais me detalhar porque minha mente já está anos luz a minha frente enquanto meus dedos envelhecidos apenas estão tricotando sobre um teclado, aparamente velho também tentando transcender minhas ideias que a cada dia tornam-se mais complexas

M. B