
Queria tudo, por não saber o que queria, e quando achava que tinha tudo, o tudo não a satisfazia.
Ela se perguntava se era racional o que fazia, e quando descobria que era, já não tinha mais tanta graça assim. Ela gostava mesmo da sensação que isso trazia a ela, a sensação de medo, de curiosidade e de risco, ah! Ela adorava o risco.
E mesmo que o risco fosse provar o veneno de novo, ela precisava nem que fosse só para sentir o gosto dele, o veneno. E as vezes depois de experimentá-lo, tudo isso estava próximo demais, atingível, sem graça, veneno fraco, nem doeu.
Então, toda vez que ela ia se deitar, suplicava alguém ou alguma coisa que satisfizesse ela, e que fizesse ter a certeza de que estava fazendo a coisa certa, se não for pedir demais.
E estava na cara que ela tinha um problema, incomum, passou a desconfiar então, que a parte dela, que colocava ela acima de tudo, pudesse estar congelando tudo que era trazido e oferecido.
Tudo bem que um pouco de ego todo mundo tinha que ter. Ela tinha demais. Mas tudo isso –confessa ela- era uma forma de não se entregar totalmente, de deixar um pouquinho dela lá, guardado, seguro, pra que quando chegasse àquela mesma hora que tudo acaba indo embora, ela iria precisar disso pra saber quem é.
Então não se engane e não confie suas perspectivas nela, ela tem um péssimo hábito de surpreender quando as coisas não estão bem, só porque quer sentir o seu sarcasmo um pouco mais perto. Só porque ela quer se sentir mais, distante de você.
E tudo o que ela sonha, é que quando você for embora, ela não derrame uma lágrima, não fique se lamentando alguns anos como da última vez, porque a partir do dia que toda essa inquietude gelada começou a incendiar as suas veias, ela jurou a si mesma e a todas as brisas e folhas que estavam envoltas ao seu redor, jurou que daria tudo pra não ser corroída por dentro de novo, com o mesmo veneno, que possivelmente não era nada fraco.
Ela correria mil léguas, estamparia cartazes em preto por toda cidade, espalharia seu sangue nas paredes,deixaria sua vida de lado, abominaria qualquer tipo de doçura e amaria a dor, apenas pra não ter que dizer que ama você.
Então meu bem, não se assuste com ela, e não vá embora por favor. Você é a parte que derrete o gelo que ela suporta em seu coração, e ela tem medo disso.
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