Uma vez fiz uma lista de coisinhas e de frases que eu deixaria para mandar pra quando eu tivesse um namorado. Um dia eu guardei um plano de fundo que só poderia ser dele, mas hoje, não faço nada disso, agora isso tudo não se encaixa mais em nenhum tipo de situação, em nenhum tipo meu. Por algum motivo parei para pensar em qual seria ‘o meu tipo’ agora. Ele teria cabelos ruivos e andaria com um pacote de jujubas na mão? Ou então um loiro de olhos azuis de dar inveja e um sorriso apaixonante? Quem sabe um moreno topetudo de camisa verde? (risos). E o meu tipo daqui a dez anos? Além de estar acompanhada por loiros, morenos ou ruivos, me vejo de outra forma daqui a dez anos.
Estive pensando no meu futuro. No meu futuro do ‘eu’ com um livro debaixo do braço andando pelas esquinas remotas e frias de qualquer cidade que seja longe, obviamente longe daquilo que eu devesse estar fugindo, com o gosto amargo na boca do sarcasmo e a vida aparentemente rude. Gosto disso. Penso no ‘eu’ estabanada, sem nenhum princípio e preocupação, apenas me preocupando com as festas da semana, com as bebidas da vez, e os ‘gatinhos’ da faculdade. Literalmente aproveitando. Vejo-me fazendo isso às vezes. Em contra partida penso no ‘eu’ bem sucedida alcançando o sonho de qualquer um, filho, casa, carro do ano, sustentabilidade, mas não pretendo ser qualquer um, então, esse ‘eu futuro’ chega a ser um projeto de vida descartável.
Esqueci de comentar que tenho uma loucura, e que eu adoro ela, embora tenha medo que principalmente nos dias de chuva, eu acabe me apegando demais a ela e deixando o normal de lado, e ai já era qualquer plano futuro,ou até mesmo qualquer fundamentação de qualquer eu. Mas não largo dela, meu chiclete.
Outro dia fiz um relato sobre eu e o meu chuveiro. Raramente faço isso, raramente tenho essa vontade, e quando ela vem desperdiçá-la parece uma espécie de suicídio emocional. Não sei se isso é loucura, acredito que não... (será que estou tão louca assim?) mas se era, estava na dose certa para que eu pudesse escrever, afinal, acho que você papel, é o único que me atura repetindo a mesma ladainha sempre, tirando a humilde missão do chuveiro em minha vida, que em um dia de suposta loucura, tentei descrevê-lo mais ou menos assim:
‘O barulho da água ecoava na minha cabeça enquanto eu tomava banho esta noite. As vezes tenho medo que o chuveiro ouça tudo o que eu penso, que ele entenda o meu sussurro debaixo da água, e que por isso, acabe se tornando o meu melhor amigo, ou meu pior inimigo.
Eu não canto no chuveiro. Apesar de tudo, ele é um bom ouvinte, e não faria tamanha crueldade com ele, mas, às vezes chego a sentir pena dele todo fim de tarde, mesmo que ele não presencie a minha cantoria, reclamações e desabafos são o que restam.
A rotina incessante de todos os dias fez o meu chuveiro pensar que eu poderia estar ficando louca, e acreditava que logo eu estaria lá, contando histórias debaixo dele.
O latejar da água na minha cabeça era a única coisa que apresentava diferença todos os dias, às vezes fraco, às vezes forte, às vezes quente, às vezes frio. Muito frio. ’
Namorados, dias de chuva, loucura, chuveiro, planos de fundo. Exatamente o meu tipo.
1 comentários:
"Ele teria cabelos ruivos e andaria com um pacote de jujubas na mão?" Quando encontrar algum assim me apresenta, sihahsaoh :D
Gostei do texto. Adoro escutar o barulho do chuveiro enquanto ele escuta o meu. Sintonia total. haha
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