Solidão amiga do peito


O céu esteve vermelho o dia todo, os balões murcharam, meu cabelo enrolou, e eu comi demais. Não me parece sorte nem tão pouco lucidez, me parecem dias frios de tristeza, cansaço. Senti-me desprezada ultimamente, igualzinha a leite qualhado ou refrigerante fora da geladeira. Parei de ser feliz, decisão particular, parei antes que chegasse à demasia de tanto tentar e não conseguir.
Dizem que mudei, na verdade resmungam, eles vêem a minha mudança na cor do esmalte da unha, na falta de ânimo, no cabelo despenteado, na voz fina. Sinto desprezo do que estou sendo e tenho uma vontade imensa de vomitar e não sentir mais nada, nada.
Quando o passado já foi dito sem pudor e não há mais razões para se querer voltar, apego-me aos dias frios e chuvosos do inverno, afinal de contas não vou olhar para trás, a saudade está morta e já não importa estar longe demais, longe demais de mim, longe demais de tudo.
Marina Beatriz.

2 comentários:

Bruna B disse...

"Depois, um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele.
Guardei a minha no bolso. E fui." C.F.A

p.s: Talvez eu não tenha comentado ainda, mas Marina você está escrevendo maravilhosamente bem, está tudo tão lindo por aqui... tão a sua cara.

Thuane disse...

Nossa, que lindo! Muito profundo esse teu texto! Parabens Marina!