Eu quero ver você ser o seu maior brinquedo

Querido, estou tirando todas as minhas peles agora, para tentar escrever as tantas palavras que não consegui dizer á você, e muito menos a mim mesma. Leia e sinta com atenção.
Você, você de tantos anos, você de tanta demora, você de tanta mágoa, subitamente quer voltar a estar em mim, estar no meu jeito, na minha angustia. Subestimar-me, me dar novos apelidos nada sugestivos, brincar com as minhas manias, perguntar como foi o meu dia, como eu tenho vivido esses últimos tempos sem você, querendo essencialmente me ter... Especialmente você agora quer voltar, e volta à tona, a toda, à toa.
Ouça minha querida paixão atrasada, não há mais lugar para você agora, nem lugar, nem tempo, nem vontade, nem chance, nem amor. Cinco ou dez minutos atrasado podem significar muito para quem sabe para onde ir, quem dirá alguns meses. Meses esses que sinto lhe informar que você não fez falta alguma, meses que eu não me importei em dizer o seu nome de ressalto em alguns momentos, meses ou ano, como quiser, que passaram rápido diante de mim, e fizeram me sentir melhor cada dia longe de você.
Acredite quem quiser, eu sempre soube que seria assim, mas nunca cheguei a pensar que quando esse momento chegasse a mim, eu estaria tão convicta com a minha decisão como estou agora, afinal, nenhuma jura de amor chegou a ser tão forte como quando eu jurei para mim mesma que eu não voltaria mais atrás e que você estava morto, enterrado, sufocado dentro, e fora de mim. Por isso, para de me procurar? Para de querer fazer tudo valer a pena agora? Para de querer me usar para corrigir os seus erros? Para de me deixar sem ar, e fazer isso doer de um jeito estranho? Para...
Tenho que confessar mais algumas coisas antes de ir embora afinal não me preocupam mais o que as minhas palavras possam fazer com você, por essa razão, vamos direto ao ponto. Seu idiota, quando você liga e me pede pra voltar com aquela voz sedenta como a de alguém que precisa muito disso, eu tenho náuseas e isso é horrível, e então lá vem você de novo tentando me lembrar que foi o meu primeiro amor e não percebe que isso só reafirma que eu devo te deixar pra trás, e nossa, você chega a ser um tolo ao pé do telefone por pensar que eu cairia em uma conversa mole dessas. Só mais uma coisa, não me implore pra continuar falando com você ou pra voltar atrás mais uma vez, se fizer isso de novo vou acabar fazendo você engolir um bloco de concreto sem nenhuma delicadeza.
Olha meu caro, não há nada que vai me fazer mudar de decisão, agora é tarde demais e não vai adiantar insistir, corrigir, sentir, pois assim estaríamos travando uma batalha entre a sua insistência e a fidelidade que eu tenho ao sangue que corre atrapalhado todos os dias em minhas veias.
Vá embora, não fique, já chega.

Marina Beatriz.