Maldita hora


Há certas coisas na vida que se deve parar e dizer: maldita hora, mas como eu sempre digo mais, lá vai.
Maldita hora que eu saí de casa aquela noite, maldita hora que eu conheci você, maldita hora que eu conheci o amor, a paixão, ou qualquer outro nome que se dá para essas coisas estranhas que mudam a vida da gente.
Quando criança meus pais incentivavam uma amizade super colorida com o filho do seu amigo, que por sinal deveria me achar à maior baranguinha, e fazia cara de nojo quando eu chegava perto lambuzada de picolé, mas até ai tudo bem, minha ingenuidade triunfava. Depois é que as coisas começaram a piorar, aliás, essa é a tendência não é?
Os meninos que brincavam de esconde-esconde começaram a se tornar adversários interessantes, e a partir daí começa aquela história toda de o centro das atenções serem os menininhos mais bonitinhos da turma que por uma tremenda sacanagem do destino, eles nem sabem que você existe. O primeiro passo para uma grande decepção.
Então começa a época de o seu melhor amigo se apaixonar por você ou vice-versa, depois as pernas bambas, a mão soando frio, o primeiro beijo terrivelmente inesquecível, os registros na agenda, a primeira paixão platônica, o primeiro amor... E logo depois as complicações.
Pensando bem essas fases não eram tão ruins. O pior é quando você dá o seu quadragésimo quinto beijo e no outro dia o cara nem liga, e você se sente um lixo radioativo enquanto ele esta enjoadinho ou então ocupando o seu tempo falando com as outras treze garotas que pegou na mesma noite, super legal. Depois você chora umas duas noites se perguntando o que há de errado e promete que nunca mais vai olhar para a cara dele, mas no final tudo não passa de raiva momentânea, porque quando ele resolve chegar perto de você e começa a puxar papo, o coração ferve.
Eu já estava de abstinência. Se quiser saber eu nem saia mais de casa para não dar de frente com nenhum desses ilusionistas de quinta categoria, mas aí resolvi abrir uma brecha só para ver o que acontecia, e foi então que acabei dando espaço para a maldita hora.
Maldita hora que eu saí de casa e topei com você sabendo que no final, eu iria acabar fazendo o papel das treze garotas, mas não adianta, a carne é fraca. Eu tentei.

Marina Beatriz.

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