
De repente você se tornou a minha lembrança mais crua, afetivamente cruel também, e a minha desculpa mais esfarrapada, a minha dormência no lado esquerdo do peito.
Não sei dizer ao certo se tivemos um fim, se ainda teremos. Temos caminho agora, escolhas, sinais. Temo que a singela linha que nos ligue se desgaste mais e mais, vezes e mais vezes até a terrível multiplicação de todo esquecimento. Receio que a dor desse fim maldito se torne apenas lamentação por tanto amor jogado no ralo.
Não vou dizer que não me doeste quando partiste assim fria, doeste e latejaste também, na minha ingênua falta de compreensão, mas também não me doeste todos os dias, afinal eu tinha a estranha sensação de que a vida era por aí mesmo, encerrando ciclos. O fim é conseqüência, consciência e solidão.
Agora me vens e me tomas e me levas e me trazes de volta, e me pergunto o que faço com a tua vida por aqui. E me amarro, e me mordo, e me manifesto e me digo que não é bem assim, o amor permanece, mas se eu pudesse dividi-lo ele estaria pela metade agora, em tristes repartições.
“Eu que também não sei onde estou, pra mim que tudo era saudade, agora seja lá o que for, e eu só quero saber em qual rua a minha vida vai encostar na tua.”
Trechos de Ana Carolina- Encostar na tua.
Por Marina Beatriz.

0 comentários:
Postar um comentário