Só pra só.

Enrolei os cabelos e deixei a água quente do chuveiro bater nas costas pra ver se o dia melhora. Agachei-me até o chão e ali fiquei por minutos, como quem quer reprimir a dor em um gesto nobre e sintetiza-la em um único espaço de grão de feijão.
Olhei para o relógio esperando que o tempo passasse como quem não quer nada. Apertei os olhos e desejei com todas as forças que aqueles dias passassem tão depressa quanto o resto do ano inteiro, mas pouco adiantou, os minutos continuaram eternos e lentos de modo que nem o vento soturno do verão conseguiu despistá-los. Ser só de si mesmo também cansa.

1 comentários:

Wanderly Frota disse...

No nosso cotidiano é assim, queremos apressar o tempo, faze-lo passar logo para que a nossa alma sossegue um pouco. A correria do momento parece nos sufocar e aí a gente implora uma pausa!
Lindíssimo!