Cura d'alma





 


Venho esta noite me entregar ao deleite de escrevinhar.
Escrevinhar por uma dor que não é minha, por uma mágoa dividida, por um apelo de aceno, riso, felicidade, cura.
Finjo qualquer dor física a fim de engana-la, quando na verdade ela se difunde pelos meus poros e se dilata na minha pupila correndo pelos olhos, pelo rosto e encharcando o coração. Esta dor que não para, e não vai embora, que de vez em quando é magoa, e tem dias que é culpa também e outros que se faz em lágrimas. Lágrimas que já correm insossas rotineiramente pelo rosto sem motivo aparente. Lágrimas que não pedem pra sair ou descer, apenas resvalam nos olhos e despencam pela face como se já soubessem o caminho, como quem se acostuma com um trajeto de rotina.
Hoje escrevinho porque há tempos não tenho a alma exposta, a mente fragilizada e o coração apertado.
Hoje escrevinho porque cansei de curar a dor de estômago, de cabeça, do dedinho do pé.
Hoje me pergunto : como se cura a alma?

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