
Era noite fria, um vento forte congelava seus pés porque seu cobertor não os cobriam mais, e seu sono havia ficado extinto naquela noite.Monstros? Não aquela noite.Sussurros ao pé do ouvido? Ela nem os escutara mais.O teto do seu quarto coberto de fantasmas? Ela não queria ter medo deles essa noite.Deitada em sua cama com um mórbido vazio no olhar, lembrava de coisas que ela mesma pensara que havia esquecido.Aquele abraço dado nas pernas do pai, mesmo que fossem só nas pernas por ainda não alcançar seus braços, mas nada a impedia, ali era seu lugar seguro.Aquele sorriso inocente que fazia todos sorrirem igual quando soltava uma gargalhada por um motivo tão fútil.Aquele medo do mar... que fazia ela correr pra longe quando o medo da água se tornava maior que sua curiosidade.Aquele olhar escondido por detrás de seu urso cada vez que lembrava que era chegada a hora de dormir em seu quarto, sozinha em uma noite vazia.O coração apertado quando sua mãe apagava a luz e ali ficava ela, o escuro e seus monstros.Os mesmos monstros que sua imaginação permitia esconder atrás da porta, debaixo da cama, ou até mesmo dentro do seu guarda-roupa.E quando a luz de um novo amanhecer cegava seus olhos lembrando que ela havia sobrevivido a mais uma noite junto a todos aqueles monstros, saia saltitante pelo chão da casa.Lembrava agora, que não abraçava mais as pernas do pai, que nem todos sorriam junto com ela, e que não, ela não tinha mais medo do mar.E o único medo que ainda assombrava, era de seus monstros e fantasmas que agora haviam tomado cores e formas diferentes, durante todo esse tempo que passou.Estava novamente, ela, o escuro, e seus fantasmas, com um pequeno detalhe, ela estava sozinha.O seu urso? Já não a protegia de todo o mal, e não havia ninguém a quem pudesse recorrer naquela noite, ela estava sozinha e sabia disso.Agora sua coragem de qualquer maneira tinha que ser maior que o seu próprio medo, porque sabia que tempo algum voltaria atrás.Depois de algumas horas, o sono veio ao seu encontro, e a garota adormeceu por algumas horas.Ao amanhecer, com os primeiros raios de luz que tocavam seu rosto, ela despertava. Sem mesmo correr pela casa (coisa que não faz a muito tempo), foi até a janela, e talvez em um sublime ato de liberdade, deixou que toda a claridade do mundo lá fora entrasse para dentro do seu quarto abrindo fortemente aquela barreira chamada de janela, e pensou consigo mesma, 'eu sobrevivi como todas as noites perdidas até aqui, porque eu me acostumei... em sobreviver.'
E a partir daquele dia, nenhuma noite mais foi roubada dela por insônia ou por medo de seus fantasmas, aquela garota decidiu que não queria mais sentir medo deles, não por uma noite, mas por toda a sua vida, e agora, só temia o tempo que passava rápido demais, e nada mais a assombrava.
Enquanto aos fantasmas?
Vagando por ai, em busca de uma criancinha que doasse um guarda-roupa, ou apenas de alguém que fizesse do medo o seu mundo, ou o seu mundo, do medo.
E a partir daquele dia, nenhuma noite mais foi roubada dela por insônia ou por medo de seus fantasmas, aquela garota decidiu que não queria mais sentir medo deles, não por uma noite, mas por toda a sua vida, e agora, só temia o tempo que passava rápido demais, e nada mais a assombrava.
Enquanto aos fantasmas?
Vagando por ai, em busca de uma criancinha que doasse um guarda-roupa, ou apenas de alguém que fizesse do medo o seu mundo, ou o seu mundo, do medo.
1 comentários:
eu adorei né. *-*'
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